domingo, 13 de março de 2011

Sobre Tragédias, Facebook, Twitter e o Fim do Mundo

Olá a todos,


Normalmente é a Kelly quem escreve para o nosso blog em português, mas, de vez em quando, eu (Tijs) também dou meus pitacos.

Creio que todos nós ficamos chocados com a tragédia acontecida no Japão e, conseqüentemente, em diversos outros países em maior ou menor escala. Ver as imagens de um terremoto, e do conseqüente tsunami, nos impressiona chegando, com as facilidades na comunicação atual, em tempo real para nós. Uma tragédia horrível, onde milhares e talvez milhões de pessoas sofreram e continuam sofrendo.

Uma coisa que me choca, talvez até mais que o próprio acontecido, é a atitude de muitos cristãos. Poucas horas depois de as imagens atingirem a televisão começam a aparecer os comentários nas redes sociais, do tipo: “É o principio das dores” ou “As profecias estão se cumprindo”. Alguém até colocou um “check-list” (lista de checagem) no Facebook: “Estabelecimento de Israel como nação moderna? ‘check’ Guerras e rumores de guerras? ‘check’ Terremotos em diversos lugares? ‘check’ (O ultimo – o grande terremoto do Japão) Alguém lembra de outro sinal ainda não cumprido para o retorno de Jesus?” (Não, não vou dizer quem foi, não vale a pena...)

Não vou me deter à questão escatológica da coisa, porque, na verdade, é o menos importante nisso tudo (mas, para aqueles que querem saber um pouco mais sobre a ‘minha’ visão escatológica, sugiro que leiam o livro “Surpreendido pela Esperança” de N.T. Wright).

O que me assusta é a atitude de (quase) celebração dos crentes, como se fosse uma coisa maravilhosa que milhares de pessoas acabam de perder tudo. Que centenas de pessoas morreram. Que outros milhares estão desaparecidos e que outros milhares ainda podem morrer por causa de conseqüências da destruição (como exposição ao material radioativo da usina nuclear, e doenças que se propagam no meio de tal destruição). E isso tudo porque: “As profecias estão se cumprindo”.

Essa não é a hora para parecer interessante com a sua visão escatológica ou sua teologia. Não é hora para especulações metafísicas. Não é hora de discutir se Jesus vai voltar, se vamos ser arrebatados, se vai ser pré ou pós-milênio, etc. Não é hora para fazer ameaças do tipo “Jesus está voltando, convertam-se pecadores ou queimarão no fogo do inferno!” (Sim, parecem ameaças). Não é hora para discutirmos as profecias ou, na maioria dos casos, profetadas (sim, porque a maioria dos “escatólogos” de plantão no facebook, twitter e similares nunca leram um livro de teologia sequer e na verdade não tem uma escatologia claramente definida). Isso não é hora para discutir se “X” ou “Y” é o anticristo, se Fulano ou Beltrano são a besta, se tem anticristo ou besta, ou qualquer coisa do gênero. Não!

Essa é a hora de nos ajoelharmos e rogarmos ao Pai por aquele povo. Essa é a hora de clamarmos por misericórdia. Essa é a hora de pedirmos como nós podemos ser resposta para aqueles que sofrem. Essa é a hora para demonstrar o amor, a compaixão a graça e a misericórdia, a respeito das quais tanto falamos. Essa é a hora de pesquisar, para saber o que será necessário por lá, quais serão as necessidades reais dos países para a reconstrução, para ver como nós, como Corpo de Cristo, Igreja do Senhor, podemos ser resposta naquelas nações (sim, porque crente tem a horrível tendência de chegar atrasado com a sua bem intencionada ajuda, trazendo o que já é desnecessário).

Essa não é a hora para ortodoxia, mas para a ortopraxia, colocando em prática todas as belas palavras que ouvimos na pregação aos domingos. Tudo o que dizemos acreditar. De ser e não de falar. De chorarmos com os que choram, alimentarmos os famintos, vestirmos o nu e curarmos os doentes.

E então? Vamos orar? E então? Vamos agir?

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