quarta-feira, 9 de novembro de 2011

O que nos Diferencia?

Há alguns dias Tijs e eu estávamos no centro de Belo Horizonte resolvendo algumas coisas. Como não dava tempo de ir para a casa antes de ir ao culto da base da JOCUM, resolvemos comer em um famoso fast food no centro da cidade. Enquanto Tijs fazia o pedido e esperava a comida chegar, sentei em uma cadeira e comecei a observar as pessoas. Havia um homem fazendo a “segurança” do local. Ele ficava na porta e observava se alguém precisava de ajuda.

Em um determinado momento um homem entrou na lanchonete. Sujo, barba por fazer, roupa suja e velha, cheia de buracos, gasta pelo tempo, descalço, descabelado, rosto oleoso pela falta de banho, sem dentes. O homem já tinha certa idade ou era envelhecido pela vida sofrida. O homem que estava fazendo a “segurança” do local não disse uma palavra. Fechou a cara, fazendo aquela expressão onde estava escrito que para ele aquele homem que entrara na lanchonete era um nada. Fez apenas um sinal. Ergueu o braço e apontou para a rua com o dedo. O homem maltrapilho entrou por uma porta e saiu pela outra com a cabeça baixa. O “segurança” prosseguiu seu trabalho com se nada tivesse acontecido ou como se fizesse aquilo um milhão de vezes por dia. Continuou arrumando cadeiras no lugar, colocando as pessoas na fila certa e distribuindo sorrisos para os clientes dentro da lanchonete.
Fiquei a me perguntar: “O que me diferencia daquele homem maltrapilho que não teve o direito nem de uma palavra, apenas uma expressão reduzindo-o a nada e um dedo apontando para a rua?” Um banho? Uma roupa limpa? Um corte de cabelo? Uma roupa sem buracos? Um par de sapatos? R$ 15,00 no bolso para comprar um lanche? O que nos diferencia?
Dentro daquele homem bate um coração, assim como em mim. Ele pensa, se alegra, sem entristece (talvez muito mais do que nós), tem memórias, teve um emprego um dia, teve sonhos, e o principal: Foi criado à imagem e semelhança de Deus, assim como eu e você. Pergunto mais uma vez: O que nos diferencia?
Quando começamos a valorizar mais as coisas, aparência, dinheiro, status, e deixamos de valorizar o indivíduo? Quando foi que deixamos de nos dar ao trabalho de usar palavras e tirando toda a dignidade das pessoas as tratamos como animais. Não, isso não é verdade. Existem animais que são mais bem tratados do que aquele homem foi.
Quero que você imagine aquele homem, ou lembre-se de tantos iguais a ele que você já viu na rua e me responda: O que nos diferencia?

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