quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

De Volta para o Futuro – ou para o Passado


 Nessa semana tive um sonho muito estranho. Desde criança eu tenho sonhos que são uma comédia. Uma mistura de histórias que ouço, momentos que vivencio durante o dia, coisas que assisto na TV e etc.
Eu sempre fui fascinada por viagem no tempo desde a primeira vez que assisti “De Volta para o Futuro” (que até hoje é minha trilogia favorita e volta e meia assisto novamente! Nunca me canso deles!). Já pensou como seria poder voltar no tempo e se ver, ou ver entes queridos que já se foram, presenciar momentos históricos, mudar coisas que você fez e até hoje se arrepende? Eu espero que a humanidade nunca tenha esse poder em mãos, pois não creio que seriam tão sóbrios quanto o Marty Macfly e o Dr Brown...
Bem, no meu sonho eu voltei no tempo por volta de 25 anos e fui me visitar. Cheguei ao portão da casa onde cresci e lá estava aquela menininha que logo reconheci. Cabelo claro, olhos esverdeados e bochechas fofas. Sim, era eu criança olhando para eu adulta. Era uma manhã ensolarada, mas não quente. O dia tinha aquele tom amarelado das manhãs de primavera no Paraná e eu parada em frente àquele portão que conheço tão bem. Posso ouvir minha mãe dentro de casa trabalhando. Sim, ela definitivamente estava lá. Sua presença podia ser sentida mesmo de fora. Eu adulta estou parada em frente ao portão e eu criança parada do lado de dentro do portão olhando para mim com os olhinhos quase fechando por causa do sol. 
Desde criança meus olhos foram sensíveis à claridade. Eu criança olho para eu adulta com curiosidade e um pequeno sorriso nos lábios. Como toda criança eu disparo a fazer perguntas, mas eu adulta apenas paro em frente àquela criança e sorrio. Olho cada detalhe, o cabelo vasto, preso em um “coqueirinho” (quando prende o cabelo em um rabinho em cima da cabeça, sabe? Coisas dos anos 80...), os olhos em dificuldade para enxergar com tanta luz, as pernas gordinhas, as bochechas tão fofinhas, mas que foram meu trauma desde criança. Contemplava aquela criança e pensava comigo mesma “como eu era bonitinha!” Vejo uma criança amável e amada. Penso, no meu sonho, se um dia tivesse uma filha, gostaria que fosse como aquela menininha parada em minha frente me fazendo um monte de perguntas.
Minha mãe sempre me contava que quando eu era pequena e estava aprendendo a falar ainda, ficava no portão da frente puxando conversa com todos que passavam na rua. Era tanto que ela tinha medo que alguém me levasse. Ela contava que muitas pessoas paravam para falar comigo. Eu perguntava onde elas estavam indo, o que estavam indo fazer, queria mostrar minha “nindáia” (sandália) nova, que de nova não tinha nada, mas era apenas um pretexto para fazer alguém parar para conversar comigo.
De repente toda aquela cena sumiu e eu estou de volta no ano de 2011, bem acordada na minha cama. O sonho não me sai da cabeça e começo a pensar: Será que fui tão rejeitada como imagino? Será que me faltou mesmo amor, como pensei por toda a minha vida? Será mesmo que eu não era uma criança digna de ser amada? Será que tudo o que eu acreditei por toda a minha vida não foi uma grande mentira, ou simplesmente o reflexo do meu maior medo – o de ficar sozinha ou de não ser aceita? Será que eu fui mesmo amada, aceita, e mentiras me vendaram me impedindo de receber e viver isso?
Sonhos são apenas sonhos, não é? Não devemos levá-los em consideração. Ou devemos?





0 reações: