sexta-feira, 15 de abril de 2011

Carta de uma mãe

Na semana passada meu colega de trabalho, Marcelo, me deu uma carta para ler. Ele havia recebido essa carta da mãe de um dos meninos do seu grupo. O motivo era que o menino precisava de uma autorização para participar de um campeonato de futebol e ela tinha assinado a autorização e perdido o papel na sua casa. Ela pede encarecidamente que o meu colega permita que seu filho participe do campeonato, diz que a culpa é toda dela e se prontifica a assinar outra auorização.
Mas o que mais me impressionou foi o coração dessa mãe. De repente ela começa a abrir seu coração e falar das preocupações que uma mãe tem ao criar seus filhos em uma comunidade carente. Ela fala da dificuldade de ser pai e mãe para seus dois filhos e como ela está feliz com o fato de que seu filho tem uma "ocupação" ao participar da escolinha de futebol. Eu acho admirável ver uma mãe tão preocupada com seu filho, quando o que mais vemos são crianças passando o dia todo na rua, se envolvendo com coisas erradas, mães nos bares dançando e seus filhos pequenos ali no meio daquela bagunça, centenas de abortos acontecendo todo ano aqui na comunidade, descaso, falta de amor para com os filhos e muito mais. Eu mesma já cheguei a presenciar uma mãe falar na frente dos filhos pequenos que seria muito mais feliz se não tivesse filhos e que não os amava. Ela costumava falar para eles que os jogaria na rua para quem quisesse levá-los. Algo chocante, mas real. 
Essa mãe realmente tocou meu coração com essa carta. Mesmo sem conhecê-la admiro-a muito! Quero compartilhar essa carta aqui com vocês, ou pelo menos partes dela. O objetivo não é exaltar o trabalho da JOCUM, ou qualquer coisa que fazemos, mas quero mostrar como existem mães que lutam pelos seus filhos e se importam com eles.


Segue os trechos da carta:



"... esses dias aqui em casa tem sido atribulados e eu tenho estado numa correria muito grande para cuidar dos meus 2 filhos, pois sou mãe e pai dos 2, por isso peço encarecidamente sua ajuda e compreensão, é muita coisa para mim as vezes e infelizmente dá nisso, perdi aqui em casa o papel...
Permita que ele participe de tal atividade aí na JOCUM, peço a você por favor, a culpa infelizmente foi minha e aconteceu, sabe?
Meu filho está cada vez maior e já tem 13 anos de idade, graças a Deus, e aqui neste lugar que moramos, infelizmente não podemos nos dar o luxo se quer de deichar nossos filhos nas portas de casa ou na rua, ainda mais dessa idade que ele tem agora, moro aqui Marcelo já há 34 anos e olha, vou te contar viu, já vi e ouvi cada coisa, e essa idade realmente é crussial, sendo assim Marcelo só posso contar com vocês da JOCUM fora daqui de casa João** só tem vocês para não se tornar algo ruim por própria influência do lugar que moramos, por isso também te peço socorro e conto com você.
Aproveito para parabenizar a JOCUM por essa atitude e ato de bondade e humanidade de ajudar a todos nós. Mães, filhos juntamente com toda família, por que com certeza quando vocês ajudam, guiam, instruem nossos filhos impedem potencialmente que eles tenham tempo e cabeça para se tornarem futuros bandidos e consequentemente, ajudam a família inteira, muito obrigada a todos vocês, afinal de contas confiamos a vocês os nossos maiores amores, nossa real riqueza: nossos filhos. Obrigada por cuidar dele aí para mim com tal dedicação e carinho.
Desde já agradeço a atenção."

* O português da carta não foi corrigido para não desvirtuar o conteúdo.
** Nome fictício para proteção do menor.

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