segunda-feira, 26 de março de 2012

Theodén, Rei de Rohan e os Velhinhos na Praça da Liberdade

Você já assistiu a trilogia "O Senhor dos Anéis"? Se sua resposta for não, minha resposta para você é: Pare tudo e vá assistir AGORA!"


Bem, entrando no meu assunto, há meses eu tenho pensado sobre viver a vida. O que é exatamente viver a vida? Quando digo viver não me refiro a comer, dormir, respirar, acordar, ir para o trabalho, almoçar, voltar para casa no final da tarde, tomar banho, jantar, assistir ao noticiário e ir para a cama e começar todo o processo novamente. Será que viver a vida significa colocar uma mochila nas costas e ir conhecer lugares exóticos, novas culturas, comidas estranhas e etc? Viver a vida significa ter muito dinheiro e realizar todos os sonhos particulares? Ou Será que viver a vida significa nascer, estudar, ter uma graduação, sucesso no trabalho, casar, ter um ou dois filhos, uma casa, um carro e viajar para a praia todo final de ano?

Não me entenda mal, não estou dizendo que todas essas coisas são erradas. Não. Muito pelo contrário. Temos mesmo que trabalhar, estudar, realizar nossos sonhos e etc. Mas meu ponto é: isso representa o significado da vida? Quer dizer, essas coisas são o fim de tudo?

Eu sempre penso naquele momento onde estarei bem velhinha (espero), no meu leito de morte, sabendo que não posso fazer mais nada. Não poderei levantar da cama e começar a fazer coisas que estão em uma lista. Não poderei mudar o passado. Não poderei mudar o jeito que vivi minha vida. Nao poderei desfazer erros, nem poderei voltar atrás e recuperar o tempo perdido. Adiante de mim resta apenas o fechar dos meus olhos e o encontro com meu Salvador. Eu penso se terei a certeza de que vivi minha vida e não apenas sobrevivi.


Há noites que coloco minha cabeça no travesseiro e penso: "Um dia perdido. Vegetei e não vivi." E para ser bem honesta, detesto essa sensação. Aí, quero voltar no Senhor do Anéis, que citei acima. Bem, no livro/filme tem um personagem chamado Theodén, rei de Rohan, que está sob um encanto de Saruman. Ele, apesar de jovem, está envelhecido, não sente nada e parece não perceber a vida ao seu redor. Até mesmo quando seu filho morre em batalha, ele não sente nada. Incapaz de sentir. Incapaz de ver. Ele senta no trono todos os dias, ainda é o Rei de Rohan. Ele está respirando, comendo, trabalhando, mas não vivendo, apenas sobrevivendo. 


Nesses dias em que coloco a cabeça no travesseiro e penso que não vivi a vida, penso no Theodén. Quão similar é a minha vida e a dele?


No livro/filme encanto é quebrado quando Gandalf chega e percebe a situação. Quando o encanto é quebrado, Theodén rejuvenesce e seus olhos se abrem. De repente ele reconhece a sua sobrinha e percebe a vida ao seu redor. Theodén, agora vivendo, veste sua armadura, pega sua espada e vai para a batalha.


Eu penso: quem é o meu Gandalf, que vai quebrar esse encanto? O que me tiraria desse estado de inércia? Aonde você está Gandalf? Por favor, quebre esse encanto e me ajuda a viver a vida!"

Na semana passada eu fui encontrar minha psicóloga e como ainda era cedo, sentei um pouco na Praça da Liberdade, que fica perto da sala da minha psicóloga. Câmera em punho, comecei a olhar ao meu redor. De repente notei dois velhinhos carregando saquinhos de comida para passarinhos, rodeado de crianças, babás, mães e... passarinhos. Os pássaros vinham comer na mão deles e eles faziam com que os pássaros comessem nas mãos da crianças. A cena quase me trouxe lágrimas aos olhos. Andei, de longe, ao redor deles. Observando e bebendo daquela cena. Não resisti e cheguei perto. Pedi para fotografar, e eles muito simpáticos e amáveis, me convidaram para chegar mais perto. Bem perto. Colocaram uma porção de comida para passarinho na minha mão e colocaram uma rolinha para comer ali. Me senti como uma daquelas crianças. A alegria e a simplicidade do momento aqueceram meu coração. 


Perguntei se eles faziam isso todos os dias e para minha surpresa, um dos velhinhos respondeu, com muito orgulho: "Fazemos isso todos os dias por oito anos!" Eu fui embora, pois já estava quase atrasada para meu encontro.
Quando de repente pensei naquela situação aplicada à minha vida. Graça. Claro! Estava todo o tempo diante dos meus olhos! Meu Gandalf? Chama-se Graça de Deus! Como eu posso continuar esquecendo essa lição? Será que nunca aprenderei de uma vez por todas?


Aqueles velhinhos me lembraram mais uma vez da lição de saborear as coisas simples da vida. A beleza da criação. O relacionamento com meu próximo e a criação de Deus. O compromisso com a graça. Oito anos, na praça, alimentando pássaros e trazendo alegria a crianças a adultos.
A Graça de Deus quebra qualquer encanto de "Saruman" - Sobreviver e não viver
Viver e não apenas sobreviver - a resposta está na graça.
Colocar uma mochila nas costas e conhecer lugares exóticos? Isso seria ótimo, mas preciso aprender a olhar ao meu redor e encontrar o significado da vida na Graça que me cerca.


Quando estiver no meu leito de morte quero lembrar das vezes que me emocionei com cenas da graça, das pessoas que amei, que ouvi, que ajudei, que caminhei de mãos dadas, do sorriso das crianças, dos momentos de apreciação de uma flor, um inseto diferente, uma cena de amor entre um casal apaixonado, meus momentos de conversa com meu amor, a alegria da comunhão dos irmãos, família, pássaros comendo da mão de velhinhos.


O Segredo para uma vida feliz? Como quebrar o encanto de Saruman? Abra os olhos e veja a Graça ao seu redor e pronto. Você estará vivendo e não apenas sobrevivendo.

Boa semana a todos!

Essa mão aí é minha! Fiz malabarismos para segurar a câmera e fotografar com a mão esquerda enquanto o passarinho comia na minha mão direita. Mas valeu muito a pena!!!

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