quarta-feira, 15 de junho de 2011

Eu leio Rookmaaker

No último fim de semana fomos à um retiro do L'abri sobre música pop, cultura de massa e fé cristã. Olha, se você nunca foi em um retiro no L'abri, recomendo muitíssimo que você vá! É uma experiência única!
Confesso que tenho uma certa preferência pelas palestras do Rodolfo Amorim, pois ele fala de arte e cultura de uma forma que me inspira muito a fazer da minha fotografia uma arte e não um negócio (business). Durante o retiro foi falado sobre narcisismo, Beatles, Lady Gaga e muito mais; e ao final assistimos o filme sobre a vida de Johnny Cash. Além de todas as palestras, que foram maravilhosas, no sábado a noite o Marcos Almeida, da banda Palavrantiga, fez um "house show" que foi ÓTIMO! Quem não foi, perdeu...
Mas algo que me chamou muito a atenção durante esse retiro foi a questão de se "produzir cultura". A medida que o Rodolfo falava, na minha cabeça se repetia a mesma pergunta, como um disco quebrado: Quando e como ficamos pobres?
Em várias épocas da história, cristãos eram conhecidos e reconhecidos pela sua arte, ciência, política e cultura e não apenas isso, mas eram seguidos e influenciavam toda uma cultura, como Bach, Rembrandt, Vermeer, Dostoievski, Tolstoi, Copérnico, Newton, Willian Wilberforce, entre outros.  Mas hoje quando olhamos para a situação dos cristãos, eles estão trancados a sete chaves dentro de uma visão bitolada do cristianismo. A idéia de que tudo é do diabo e que estamos aqui apenas esperando o momento de ir para o céu tomou conta da nossa mente e da nossa vida e nos isolou de todo o resto do mundo e o pior de tudo, nos tornou pobres!
Para ilustrar isso, quero compartilhar uma história do meu arquivo pessoal. Sempre gostei muito de ler e ouvir música. Tinha meus CDs que gostava muito e ralei para comprar e principalmente minha coleção de livros. Ah, meus livros! Trabalhei demais para poder comprar uma coleção de literatura clássica da editora abril. Nessa coleção havia autores como Dostoievski, Tolstoi, Flaubert, Goethe, Cervantes, entre outros. Logo que me converti, fui convencida que esses livros e CDs eram do diabo e num ato de amor por Deus (pelo menos, na época eu pensava que era) queimei minha coleção, meus outros livros e meus CDs. Tudo virou cinza. Como diz o ditado: "Se arrependimento matasse..." Até hoje tento encontrar nos sebos os livros dessa coleção, mas não consegui achar nem um terço dos livros que eu tinha. Triste, mas verdade. Ignorância pura! Mas fiz tudo crendo que estava agradando a Deus.
Algo que o Rodolfo fala me chama muito a atenção: "Nós não devemos apenas criticar a cultura, mas produzir cultura." Isso é tão lógico que me leva a pensar: Como eu nunca pensei nisso antes?!?! Gostamos tanto de criticar o tipo de música que é ouvida hoje, mas temos produzido boa música? Gostamos tanto de criticar a política, mas estamos influenciando essa área? Criticamos a indústria cinematográfica, mas estamos produzindo bons filmes? Reclamamos que a ciência vem tentando negar a existência de Deus, mas nossa resposta é separar fé e ciência, pois temos medo de não ter argumentos suficientes para discutir esse assunto e temos preguiça de estudá-lo. Somos pobres! Somos pobres! Não por que nosso Deus é pobre. Não por que Deus nos criou pobres. Somos pobres porque nos escondemos atrás de um evangelho ralo, sem beleza, sem inteligência que só tem como objetivo final ir para o céu e descansar desse mundo maligno, e caído. Sim, a bíblia diz que o mundo jaz no malígno, mas isso é desculpa para não produzirmos boa cultura? Para não lermos bons livros? Para não ouvirmos boas músicas? Afinal, somo pessoas redimidas! E como cristão redimidos, temos como dever levar essa redenção para as áreas em que atuamos. Seja na política, arte, ciência, educação, mídia e etc. Redimir uma área da sociedade não quer dizer falar de Jesus, evangelismo no sentido como é conhecido hoje, mas sim, agir de forma a glorificar a Deus em TUDO o que fazemos. Glorificar a Deus com minha honestidade, criatividade, excelência, conhecimento. Um bom músico louva a Deus não apenas quando está cantando sobre Ele, mas quando faz uma música de qualidade também. Um escritor não glorifica a Deus apenas quando escreve um livro sobre a bíblia ou vida cristã, mas tambem quando escreve um bom livro, com excelência, inteligência e conhecimento.
Tem uma canção que aprendi a gostar recentemente, chamada Rookmaaker, do Palavrantiga. Essa canção mostra como nós, cristãos, devemos dar uma resposta para essa cultura contemporânea. Rookmaaker foi um holandês, professor de teoria da arte, história da arte, música, filosofia, entre outros. Foi crítico de arte, e escreveu vários livros. Também fundou o departamente de história da arte na Universidade Livre de Amsterdã. Ele influenciou  muito nessa área de arte e cristianismo. Seu pensamento era: se Cristo é o Senhor de todas as coisas, a arte não precisa de justificativa. Para glorificar a Deus, a arte não precisa falar explicitamente sobre Cristo, pois ela em si reflete Deus. E algo que fiquei muito feliz ao ler seu livro "A arte não precisa de justificativa" é que ele coloca fotógrafos no patamar de artistas!! (Toca aqui Rookmaaker!)
Nós devemos sair do nosso mundinho e queimar, sim, essa mentalidade de que se a música não está falando de Deus, ela é do diabo; se um livro não está falando de Deus, é do diabo; que tudo fora da "vida/mundo espiritual" é do diabo. Quando Jesus moreu na cruz, Ele redimiu todas as coisas (leia colossences 1) e devemos viver como redimidos em todas as áreas da nossa vida! Devemos produzir MUITA arte, muita música boa, livros, quadros, fotos, decoração, roupas, filmes... Devemos produzir boa política, boa ciência, bom estilo de vida, boa economia, boa cultura pop, tudo com o objetivo de glorificar a Deus e manifestar a Sua redenção de TODAS as coisas.
Para você ter um gostinho de como foi nosso fim de semana, vou compartilhar algumas das milhares de fotos que fiz e também um clipe da minha trilha sonora dessa semana: Rookmaaker. Enjoy it!








































11 reações:

Mara disse...

Fantastico!!!

Wilson disse...

Ótimo texto e ótimas fotos. Muito bom mesmo.

Yuri Fernandes disse...

Queria ter ido!
Mas infelizmente não foi desta vez que conheci o L'abri...
Adorei as fotos, e fica a reflexão.

João Daniell FO (JD) disse...

Muito bom seu texto e melhor ainda suas fotografias. Tive o prazer de conhecer o L´Abri este ano, é uma comunidade que realmente tem o talento de inspirar pessoas. Gosto muito de fotografia, belo trabalho!

Cumprimentos em Cristo

kelly van den Brink disse...

Obrigada pessoal! O fim de semana foi maravilhoso mesmo. Quem tiver a oportunidade de passar um tempo no L'abri, vá mesmo!É um tempo único!

Jaqueline Brasil disse...

1° vez que entro nesse blog e vi esse texto, muito bom gostei muito.
God Bless

kelly van den Brink disse...

Obrigada e amém, Jaqueline!

Juliene disse...

Kelly, eu preciso comentar!!! Compartilho a mesma visão e paixão pela arte e fotografia!!! E SIM precisamos ser agentes influenciadores da cultura/política/música e de todas as áreas possíveis para transformar nossa sociedade para Cristo!
Creio que a revolução, o avivamento que todos os cristãos esperam será através do amor de Cristo em nós, manifesto em todas as áreas da sociedade através de nossa vidas, nossa atitudes como profissionais^^
Amei o texto!! Amo essa música do Palavra Antiga!!! Eles são geniais!!! E pelo visto preciso urgentemente conhecer o L'abri!!!! =]

Isak Reis disse...

Mto bom o post. Tão bom que baseado no que li, tbm fiz um post no meu blog. Convido vcs a passarem por lá e conferir. Estou seguindo vcs. Grande abraço!

Anônimo disse...

muito bom mesmo, parabéns pelo texto redigido, ampliou muito meu ponto de ver !!!

Isah disse...

Amei o texto e as fotos são lindas. Tenho esse livro " A arte não precisa de Justificativa", e entendo que a religiosidade que as instituições criam que leva pessoas a queimarem materiais tão importantes culturalmente.

Abraços!


Isah Me