sexta-feira, 24 de junho de 2011

Dizer adeus é cansativo

Eu amo ser missionária. Esse caminho que escolhi, me faz sentir realizada com meu trabalho, minha missão, minha vocação. Mas às vezes ESTAR em missões é difícil. Vivemos em uma comunidade e mesmo sem querer essa comunidade acaba se tornando sua família de perto. Pessoas que você aprende a conhecer e amar. Nas horas difíceis eles têm uma palavra de conforto, são um apoio para caminhar quando você está sem forças; nas horas de alegria, se alegram conosco, fazem parte dos momentos históricos da nossa vida, acompanham nosso crescimento... enfim, fazem parte da nossa vida. Mas chega um dia em que você tem que dizer adeus. E, confesso, esse dia é complicado. Já chorei muito em despedidas.
É até muito forte dizer isso, mas com o passar do tempo se torna cansativo conhecer pessoas, se abrir, começar uma amizade e depois ter que se despedir. Confesso que como missionária há 5 anos, estou cansada dessa dinâmica. A vontade é de não me abrir para mais ninguém que faça parte dessa dinâmica e não investir em amizades. Afinal, qual é a finalidade disso tudo, se em pouco tempo essa pessoa vai embora e você será sortudo se receber as cartas informativa dessa pessoa a cada dois meses?
Tantas pessoas já passaram pela casa Luzeiro desde que cheguei aqui! Pessoas que até hoje sinto saudade, como a Astrid, Kate, Verônica e Ronald, Sergio e Liz, Vítor, Tijs e Hetty (mas esses dois, na verdade tenho uma ligação especial...), Linda, Ian e muitos outros. Pessoas que de uma forma ou outra fizeram parte da minha vida.
Dá medo começar uma nova amizade. Falta coragem para investir em pessoas que estão chegando. Mas o ponto é que não dá simplesmente para não se relacionar. É impossível conviver com pessoas diariamente, sem revelar suas fraquezas, mostrar quem você é, ser amigo. O caminho é orar e pedir sabedoria e ajuda de Deus para não cair em extremo nenhum e tentar viver da melhor forma possível, num estilo de vida como o meu. Sim, é cansativo; exaustivo, na verdade, conhecer e dizer adeus, mas creio que Deus tem um propósito em tudo isso. Ganhamos muito ao conhecer alguém e fazer parte da sua vida, mesmo que seja por um breve espaço de tempo. E como o Johan diz: "precisamos ter a perspectiva da eternidade". Mesmo que não nos vejamos mais enquanto estivermos nesse mundo, quando chegarmos na eternidade nos reencontraremos e poderemos "colocar o papo em dia". Deus sabe...
Sei que haverá centenas de pessoas que conhecerei durante toda a minha vida. Me fecharei para todas? Creio que não. Preciso aprender a conciliar todas essas coisas, aproveitar o máximo das pessoas que Deus coloca na minha vida, ser amiga, chorar nas despedidas e pensar na eternidade. Afinal, cada pessoa que Deus coloca na nossa vida é um presente Dele. Há alguns dias atrás tivemos aula sobre hospitalidade e a Vanessa, que estava dando essa aula, falou algo interessante. Ela disse que imaginava a sua vida como um mapa. Ela se via como uma daquelas rodovias que aparecem como uma linha preta no mapa, e em certo momento algumas rodovias se encontram e por esse momento, elas andam juntas. Depois, em determinado momento, elas se separam. E na nossa vida é assim, por um tempo nos encontraremos com outras "rodovias" e andaremos juntas por um tempo, depois nos separaremos por algum propósito. Faz parte da vida. O desafio é aprender a viver dessa forma.
Mas no momento perguta é: e aí, será que eu consigo?

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