Nessa semana tive um
sonho muito estranho. Desde criança eu tenho sonhos que são uma comédia. Uma
mistura de histórias que ouço, momentos que vivencio durante o dia, coisas que
assisto na TV e etc.
Eu sempre fui fascinada
por viagem no tempo desde a primeira vez que assisti “De Volta para o Futuro”
(que até hoje é minha trilogia favorita e volta e meia assisto novamente! Nunca
me canso deles!). Já pensou como seria poder voltar no tempo e se ver, ou ver
entes queridos que já se foram, presenciar momentos históricos, mudar coisas
que você fez e até hoje se arrepende? Eu espero que a humanidade nunca tenha
esse poder em mãos, pois não creio que seriam tão sóbrios quanto o Marty Macfly
e o Dr Brown...
Bem, no meu sonho eu
voltei no tempo por volta de 25 anos e fui me visitar. Cheguei ao portão da
casa onde cresci e lá estava aquela menininha que logo reconheci. Cabelo claro,
olhos esverdeados e bochechas fofas. Sim, era eu criança olhando para eu
adulta. Era uma manhã ensolarada, mas não quente. O dia tinha aquele tom
amarelado das manhãs de primavera no Paraná e eu parada em frente àquele portão
que conheço tão bem. Posso ouvir minha mãe dentro de casa trabalhando. Sim, ela
definitivamente estava lá. Sua presença podia ser sentida mesmo de fora. Eu
adulta estou parada em frente ao portão e eu criança parada do lado de dentro
do portão olhando para mim com os olhinhos quase fechando por causa do sol.
Desde criança meus olhos foram sensíveis à claridade. Eu criança olho para eu
adulta com curiosidade e um pequeno sorriso nos lábios. Como toda criança eu
disparo a fazer perguntas, mas eu adulta apenas paro em frente àquela criança e
sorrio. Olho cada detalhe, o cabelo vasto, preso em um “coqueirinho” (quando
prende o cabelo em um rabinho em cima da cabeça, sabe? Coisas dos anos 80...),
os olhos em dificuldade para enxergar com tanta luz, as pernas gordinhas, as
bochechas tão fofinhas, mas que foram meu trauma desde criança. Contemplava
aquela criança e pensava comigo mesma “como eu era bonitinha!” Vejo uma criança
amável e amada. Penso, no meu sonho, se um dia tivesse uma filha, gostaria que
fosse como aquela menininha parada em minha frente me fazendo um monte de
perguntas.
Minha mãe sempre me
contava que quando eu era pequena e estava aprendendo a falar ainda, ficava no
portão da frente puxando conversa com todos que passavam na rua. Era tanto que
ela tinha medo que alguém me levasse. Ela contava que muitas pessoas paravam
para falar comigo. Eu perguntava onde elas estavam indo, o que estavam indo
fazer, queria mostrar minha “nindáia” (sandália) nova, que de nova não tinha
nada, mas era apenas um pretexto para fazer alguém parar para conversar comigo.
De repente toda aquela
cena sumiu e eu estou de volta no ano de 2011, bem acordada na minha cama. O
sonho não me sai da cabeça e começo a pensar: Será que fui tão rejeitada como
imagino? Será que me faltou mesmo amor, como pensei por toda a minha vida? Será
mesmo que eu não era uma criança digna de ser amada? Será que tudo o que eu
acreditei por toda a minha vida não foi uma grande mentira, ou simplesmente o
reflexo do meu maior medo – o de ficar sozinha ou de não ser aceita? Será que
eu fui mesmo amada, aceita, e mentiras me vendaram me impedindo de receber e
viver isso?
Sonhos são apenas
sonhos, não é? Não devemos levá-los em consideração. Ou
devemos?
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