Há alguns
dias Tijs e eu estávamos no centro de Belo Horizonte resolvendo algumas coisas.
Como não dava tempo de ir para a casa antes de ir ao culto da base da JOCUM,
resolvemos comer em um famoso fast food no centro da cidade. Enquanto Tijs
fazia o pedido e esperava a comida chegar, sentei em uma cadeira e comecei a
observar as pessoas. Havia um homem fazendo a “segurança” do local. Ele ficava
na porta e observava se alguém precisava de ajuda.
Em um
determinado momento um homem entrou na lanchonete. Sujo, barba por fazer, roupa
suja e velha, cheia de buracos, gasta pelo tempo, descalço, descabelado, rosto
oleoso pela falta de banho, sem dentes. O homem já tinha certa idade ou era
envelhecido pela vida sofrida. O homem que estava fazendo a “segurança” do
local não disse uma palavra. Fechou a cara, fazendo aquela expressão onde
estava escrito que para ele aquele homem que entrara na lanchonete era um nada.
Fez apenas um sinal. Ergueu o braço e apontou para a rua com o dedo. O homem maltrapilho
entrou por uma porta e saiu pela outra com a cabeça baixa. O “segurança”
prosseguiu seu trabalho com se nada tivesse acontecido ou como se fizesse
aquilo um milhão de vezes por dia. Continuou arrumando cadeiras no lugar,
colocando as pessoas na fila certa e distribuindo sorrisos para os clientes
dentro da lanchonete.
Fiquei a me
perguntar: “O que me diferencia daquele homem maltrapilho que não teve o
direito nem de uma palavra, apenas uma expressão reduzindo-o a nada e um dedo
apontando para a rua?” Um banho? Uma roupa limpa? Um corte de cabelo? Uma roupa
sem buracos? Um par de sapatos? R$ 15,00 no bolso para comprar um lanche? O que
nos diferencia?
Dentro
daquele homem bate um coração, assim como em mim. Ele pensa, se alegra, sem
entristece (talvez muito mais do que nós), tem memórias, teve um emprego um
dia, teve sonhos, e o principal: Foi criado à imagem e semelhança de Deus,
assim como eu e você. Pergunto mais uma vez: O que nos diferencia?
Quando
começamos a valorizar mais as coisas, aparência, dinheiro, status, e deixamos
de valorizar o indivíduo? Quando foi que deixamos de nos dar ao trabalho de
usar palavras e tirando toda a dignidade das pessoas as tratamos como animais.
Não, isso não é verdade. Existem animais que são mais bem tratados do que
aquele homem foi.
Quero que
você imagine aquele homem, ou lembre-se de tantos iguais a ele que você já viu
na rua e me responda: O que nos diferencia?
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