domingo, 26 de fevereiro de 2012

À Noite na Rua


Não é tão tarde. Apenas 20:00 horas. Eu saio da Casa Luzeiro, depois de uma noite junto com amigos, comendo e assistindo algo na TV, quando ouço uma moça falar com voz alterada atrás de mim. Ela vinha gritando com duas pessoas. Gritava dois nomes masculinos, dizendo: "Saia daqui! Some! Vai embora! Não aguento mais vocês!" De vez em quando as palavras soavam incompreensíveis pelo estado dessa moça - totalmente alcoolizada.
Ela continuava dizendo:" Não aguento mais essa vida! Estou cansada! Pára de andar atrás de mim! Vai para casa!" Em meio aos gritos de raiva e desespero, ela choramingava. Não dava para entender direito, mas parecia que ela estava precisando de algo ou à procura de algo.


Quando finalmente eu chego à minha porta e coloco a chave na fechadura, resolvo olhar para trás para ver com quem aquela moça estava gritando e choramingando. Talvez dois homens que estivessem atrás dela? Irmãos impedindo-a de sair? Alguém cobrando uma dívida? Não. Nenhuma das opções citadas. Meu coração se quebra ao perceber que era uma mãe, totalmente bebada, descontrolada, andando pela rua sem rumo. E logo atrás dela, meio que correndo para tentar acompanhar seus passos, vejo dois meninos. Duas crianças. Seus filhos. Com olhos arregalados, expressão assustada, eles seguem sua mãe. Mesmo que ela os despreze. Mesmo que ela grite com eles no meio da rua para deixá-la em "paz". Eles fielmente seguem-na pela rua, à noite. Olhando para os lados - vigiando ou amedrontados, não sei - aguarrados àquela mãe bebada e escandalosa. 


Afinal, teriam eles outra opção? Existe alguém que cuide deles? Por quê duas crianças de aproximadamente 4 e 6 anos estavam seguindo uma mãe louca e alcoolizada, quando deveriam estar na segurança do lar, jantando, de banho tomado, de pijamas, sendo cuidados por uma mãe amorosa que lhes contaria uma história antes de dormir, terminando com um beijinho na testa de cada um antes de apagar as luzes. E aquelas crianças poderiam dormir tranquilas, sabendo que alguém vela por eles.

Mas a vida é dura para esses meninos. Me pergunto como eles estarão daqui 10 anos. Ainda andando pela rua à noite? Talvez com uma mãe chorando, mas dessa vez atrás deles? Espero que não. 
Hoje, antes de dormir, oro para que aqueles meninos tenham uma vida diferente. Oro para que nesse exato momento eles possam ter algum tipo de paz e conforto. 
Só Deus sabe. Confio Nele. Há esperança.

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