Andei meio sumida do blog... Uns dias sem internet, uns dias um pouco doente, uns dias sem inspiração.
Mas cá estou, pronta para contar mais uma história sobre meu grupo e a cultura na comunidade do Cafezal.
O Grito - Edvard Munch |
Meu banheiro compartilha os fundos com uma casa que não sei de quem é, não conheço os donos, mas posso ouví-los constantemente gritando com uma criança pequena. Não sei exatamente a idade da criança, mas sei que ainda não fala direito. Geralmente escuto gritos como: "Sai daqui sua peste! Já te disse que se você subir aí, você vai apanhar! Pára de chorar, agora!" E assim, por diante... Creio que nunca os ouvi falando mansamente com essa criança, o que me deixa muito incomodada.
Ontem no meu grupo, uma das meninas trouxe a sobrinha, que deve ser uns 4 anos mais nova que ela. Chegou com a história de que não havia ninguém para cuidar da menina em casa e pedindo para ela participar no grupo (isso acontece muito, mas às vezes elas estão mentindo, só para que os primos, irmãos ou amigos possam brincar na piscina). Aceitamos a menininha no grupo, só por aquele dia, mas deixei claro que ela não poderia entrar na piscina, não por que sou cruel, mas por que ela é menor que a piscina e não sabe nadar, então o risco de afogamento é muito grande. No finalzinho da aula de natação, quando todas as crianças estavam saindo da piscina, a menina que participa do meu grupo pegou a sobrinha e enfiou na água. Não uma, mas duas vezes! A menininha nem estava gostando e estava quase chorando. É claro que chamei a atenção da menina e dei uma disciplina por ter me desobedecido, mas o que me chamou a atenção foi a forma que ela falou com a sobrinha. Ela estava agindo como se fosse a mãe (não que eu ache que uma mãe deva agir dessa forma...), dando ordens, gritando, tratando a menininha como se ela fosse uma inútil e estivesse atrapalhando a vida dela. E foi assim até elas irem embora.
Eu fiquei pensando nesse ciclo de gritaria. Todo mundo grita com as crianças, as crianças aprendem e gritam com crianças menores, que aprendem a gritar também e gritarão com outras crianças e assim por diante. Como quebrar esse ciclo? Eu sei que posso dar meu exemplo e posso ensiná-las a fazer diferente. O impacto que terei... só Deus sabe.
É importante que comecemos a observar nosso próprio comportamento. Como tratamos as crianças? Como é o nosso tom de voz ao disciplinar, ao chamar a atenção? Elas estão observando e repetindo tudo que fazemos!
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